domingo, 21 de junho de 2015

Viagem



Acordas numa manhã onde o mundo rasga horizontes,
Raios que iluminam a penumbra do teu espaço,
Luz a brilhar no chão que pisas.
Porque é urgente!
Cortas as correntes que te tolhem o sentir e o viver,
Embarcas numa viagem sem limite do teu ser,
Deixas-te navegar na procura de um lugar.
Que é o teu!
Rodas, rebolas, gritas, anseias,
Na descoberta do caminho adiado,
Onde o horizonte não tem fim,
E te espera!
Olhar de mar que te acalma,
Escreve passos não falados,
Guarda sentidos secretos.
És tu!
Vai, agarra o retalho de sol, o chão de vida, o mar de caminhos!
Vai, agarra a viagem , vive os sentidos,  rasga horizontes!
Porque naquela manhã,  um raio te arrebatou, e contigo viajou!


Inquietação



Inquieta-me a estrada onde navego,
Curva, forçada, apertada.
Inquieta-me a moldura dos dias,
Passados, apressados, prensados.
Inquieta-me a força de querer,
Fazer, correr, viver.
Inquieta-me a vã inconsciência,
Falada, moldada, suprida.
Inquieta-me a falta do justo,
Atirado, gritado, mostrado.
Inquieta-me a oportunidade perdida,
Distante, cinzenta, varrida.
Inquieta-me a multidão do caminho,
Ondulado, esbatido, cansado.
Inquieta-me o frio algoritmo,
Desumano, mordaz,  insensível.
Inquieta-me o estreito cano,
Maléfico, egoísta, assassino.
Inquieta-me o silêncio das vozes,
Poderosas, corruptas, falsetes.
Inquieta-me o ser que brotou,
Indefeso, ingénuo, futuro.
Inquieta-me o ondular do viver,
Cíclico, recorrente, ausente.
Inquieta-me partir e ficar,
Alada, atada, esvaziada.
Inquietação do meu ser,
Comigo vive e em mim habita,
Em inconformismo real,
Em ânsia do sopro e do vento,
Que da inquietação, faça calma.