Hoje é sem dúvida mais um dia
triste para a Humanidade, e especialmente para nós Europeus. Estou ainda em
fase de absorção dos mais recentes
acontecimentos, mas vou conseguindo arrumar algumas ideias e ver perspectivas
diversas.
Sem dúvida que o terror e o medo
espalhado por aqueles que fria e barbaramente se explodem, ou fazem detonar
engenhos, sem olhar a quem, em nome de alguém ou de um credo, se encontram
completamente alienados e vivem à margem dos valores da liberdade, da igualdade
e da fraternidade, pelos quais pautamos as nossas vidas e que regem a nossa
civilização. Preocupante é sim , a forma,
como estas células vão proliferando, dentro de uma organização de tal
forma sofisticada, que escapam a buscas, a intersecções, em manobras demasiado
estudadas e rebuscadas. Mais preocupante ainda, a mobilização crescente de
jovens que aderem a esta barbárie, e sobre os motivos que os levam a actos
completamente tresloucados, deverá existir por parte do Mundo, uma séria
reflexão. Desilusão, desacreditação,
desvalorização das regras sociais fundamentais, revolta, utopia, todos estes
aspectos potenciam o recrutamento de uma franja social onde os problemas do
desemprego agravados pelas crises económicas e sociais, podem ser tão somente a
alavanca para um acreditar que poderá existir uma força superior que tudo
resolverá, e em seu nome, cegamente se mata, se destrói, se causa o caos. Os
sociólogos, muito mais que os politólogos, têm aqui uma matéria enorme para estudar
e trabalhar.
Não, que os politólogos não sejam
igualmente chamados a opinar, uma vez que é nos bastidores do sujo jogo
político e de interesses que são abertas as brechas que permitem que estes
movimentos cresçam e se especializem. Afinal, o negócio de armas, o narcotráfico,
a comercialização do petróleo, mais não têm constituído do que um submundo em
cujas “caves” tudo tem sido negociado e permitido. Até o financiamento dos
países ditos evoluídos a estes grupos terroristas tem servido para que estes
venham destruír quem os “ajudou” a formar, qual “pescadinha de rabo na boca”… E
aqui chegados, aqui d’el rei, que isto agora é mesmo sério e não temos
capacidade para dar a volta à situação….
É por demais evidente que o
modelo de segurança existente na Europa, quiçá no Mundo, não consegue dar
resposta a quem se movimenta na sombra, com o escudo de indivíduo inserido numa
sociedade, onde até tem família e pontualmente trabalho, apesar de quem sabe
referenciado, por este ou aquele episódio que não se revelou como “alarmante”.
Não tenhamos dúvidas que os terroristas vivem junto de nós, percebem muito bem
onde se movimentam, estudam minuciosamente os alvos, e cada ataque que fazem é
apenas mais um aviso.
A Europa e o Mundo andam num
desnorte, a coesão não tem a força que deveria ter, as estratégias são ainda
falíveis, e por entre tantas brechas, o cerco vai apertando.
Enquanto cidadã, recuso-me a
viver o Medo, a aceitar o Terror, mas não posso deixar de olhar com muita
preocupação para o espaço que é de todos e onde tenho criado os meus filhos, a
vergar e sucumbir perante a barbaridade. Todos não seremos demais para
mostrarmos que o Bem existe, que o Amor enfrenta o Terror, e que é na Vida que
encontramos as nossas realizações. 22-03-2016