sábado, 11 de abril de 2015

Passei

Passei por eles num caminho de algodão,
Onde o belo era aguarela colorida, esbatida,
Porém, mal definida.
Passei por eles em passo retardado,
À espera de alcançar um tangível infinito,
Que nunca chegou a ser.
Passei por eles a nadar num mar de verdades,
Em perfeita liberdade, de gaivota a voar,
Que tudo quer alcançar, onde o céu nem é limite.
Passei e vi.
Passei e vivi.
Passei…
Brisas calmas de tufão,
Beijavam-me a face ardente e crente,
Com ousado despudor.
Lânguida melancolia de voz,
Rasgou-me o espaço de acreditar,
Quando o silêncio se iluminou.
E por eles voltei a passar,
E por eles passei e vi.
Que o algodão era aço,
E a aguarela, um traço.
O mar calvo de inverdades,
E a gaivota perdida.
E por eles passei e vi…

Que por eles não quero passar.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Na procura de um sentido



Caminho por entre as horas, perdidas, esquecidas,
Na procura de um silêncio que é só meu,
Onde tudo falo e tudo calo.
Urge-me a solidão do caminho,
Que percorro com avidez,
Em cada dia a renascer.
Flutuo num espaço estranho,
Sem nexo e sem sentido,
Mas que é este.
Onde  avanço corresponde a recuo,
Onde à vida liga a morte, a guerra, a crueldade,
Onde o sorriso  atraiçoa,
Onde o  poder  inverte os termos.
Luz intermitente e desfocada,
Ilumina vidas a solo, adiadas, cansadas,
Que vejo por entre frestas, 
De janelas já perdidas.
Caminho por entre as horas, perdidas, esquecidas,
Na procura de um sentido.




quarta-feira, 1 de abril de 2015

E no fundo era o silêncio ...



E no fundo era o silêncio …
A cada dia viajas num mar de emoções,
Embarcas com malas feitas canções,
À descoberta do segredo guardado
Num peito de anos silenciado.
Arde-te a dor muda instalada,
A fuga nunca consumada,
Num fogo vivo e irreal
De um silêncio sepulcral.
Calam-te os sonhos de dias futuros,
Roubam-te desejos outrora maduros,
Negam-te palavras que nunca disseste
Apagam-te frases que nunca escreveste.
Cantas notas nunca compostas,
Em versos de prosa nas tuas respostas,
Escreves linhas por imaginar,
Em folhas soltas espalhadas no ar.
Palavras… por dizer, por escrever.
Letras … por desenhar, por  inscrever.
E em estado de negação
Iluminas o teu ser,
Varres a desilusão,
Gritas um amanhecer!
Porque…
No fundo era o silêncio…