quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Essência


Caminhas pelos trilhos de uma vida em viés,

Abraçando cada dia com intensidade de trovão,

Que trazes na garganta em sussurro comedido,

Como  a criança embalada ao som da canção.

Percorres ruas, avenidas, cidades,

Em incessante procura da essência

De um ser fechado em si,

A querer  libertar sua existência.

Cantas notas de alegria,

Falas palavras de silêncio,

Danças um poema de vida,

Pintado em quadro fictício.

No olhar cabem-te os sonhos

Como torrente em cascata,

Que flui em ritmo forte

Como vento na fragata.

Afagas cada palavra,

Qual criança ao nascer,

Com ela constróis castelos,

Onde cabe todo o teu Ser.

Dona de uma luz que é só tua,

Agarras o mundo  e as trevas,

Vai, corre, avança,

Não é tua a vida que levas!!!!

E novamente à procura,

Percorres, ruas, cidades,

Soltas amarras de emoções,

Encontras as tuas verdades!!!                                         

 

 

 

 

 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Mordaça

 
Vagueias pelas ruas do teu ser,
Em passo lento, cadenciado,
E conversas com a vida,
Num monólogo surdo e sussurrado.
Em redor vês um mundo em caos,
Onde a liberdade está em perigo,
Onde a troco de nada se mata, se destrói,
Se rasgam vidas, se calam cidades.
Onde o poder económico, frio, gelado, desumano,
Te ignora.
És apenas mais uma peça do seu jogo, um número somente.
És tecla da calculadora que tudo soma e tudo tira.
És actor de um palco onde não podes representar.
Habitas um palácio de esperança,  a desmoronar como cartas.
E dás voltas e voltas,
Em círculos delirantes,
Observas os rostos que cruzam o teu caminho,
Cinzentos,  perdidos, cansados.
Olhares vazios, sem cor e sem alento,
A reflectir tanto desencanto…
Corres, e exausto gritas!
Não, não é aqui que pertences!!
Gritas mais e mais alto,
Não, este mundo não é o teu!!
E juras nunca mais calar o sufoco que te engasga,
E fazer caír a mordaça,
Que te agarra, que te prende, que te mata!!                            
 
 


Memória



Guardas em ti todas as memórias do tempo,
Vivido, sofrido, inquieto.

Guardas em ti a vivência de um passado,

Remoto, distante, esquecido.
Do tempo do teu ser,

Austero, forte, altivo.
Da dor do teu perder,

Num mar de contradições,
Onde os dias foram versos de canções,

Onde nas noites sonhavas com edições,
Onde o teu eu  escondia as emoções.

Assim  viajaste pela vida,

Com infinitas certezas,

Saboreando letras e linhas,

Num inconformismo atroz.

Memórias do tempo passado,

Que as de hoje não são.

Vazio imediato do tempo,

Pausado e programado,

Rotina de tic tac

Preenche todo o teu quadro.

E sem que dês por isso,

O teu mundo vai-se alterando,

Pequeno, restrito, solitário,

Numa repetição em cadência,

Onde os desvios te confundem,

Sem nexo nem sequência.

Aflição, inquietação,  confusão,

Num quadro de degradação,

Onde nenhum ser é merecedor

De viver tamanha dor.

Memória do tempo passado…..

Vazio do tempo presente.                                                            

 


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Porque és


Porque és,
Porque foste,

Porque serás.

És o possível,
Foste o possível,

Serás…. O que te deixarem ser.
Ambiguidade do teu eu,

Dividido em etapas que não dominas,
Que se sucedem velozes,

Quais ondas nas marés,
Em avanços e recuos.

És um tronco
Cujos ramos se te prendem,
 
Ora leves ao vento,
Ora vergados do peso.
Foste frágil caule,
Que se alimentou de esperança,
Cresceu e  desenvolveu,
E deixou de ser criança.
Serás  o que te deixarem ser,
Num mundo tão desigual.
Onde a frieza é rainha
Num reino podre de mal.
Não te resignes e luta,
Vai, corre, alcança,
Mostra que és um ser!
Que tens vida, direitos, esperança!