Segues. Segues num caminho oblíquo e recto,
Onde teus sonhos se
cruzam e divergem,
Espalhados farrapos sob o tecto,
A albergar tuas ânsias
de viagem.
Olhas. Olhas para o carreiro perdido,
Longinquo, apagado, sem volta,
Onde sufocaste em silêncio,
A chaga que no peito revolta.
Gritas. Gritas o som mudo das palavras
Que contigo dançam e vacilam,
Em rodas de vento efémeras,
Esquecendo que os tempos se adiam.
Corres. Corres num desfilar de momentos,
Suados, vividos, talhados, guardados,
Em busca do dissipar dos tormentos,
Que tornam teus dias gelados.
Buscas. Buscas a paz entretanto perdida,
Numa névoa sebastianina,
Raio de sol que desponte na vida,
E devolva os sonhos de menina.
Vives. Vives porque é esse o teu destino,
Juntas peças, pintas telas,
Vestes alma de Aladino
E na lâmpada iças velas.
Guardas. Guardas em ti o segredo do sonho silenciado,
Do dia sempre adiado,
Do futuro hipotecado,
De um caminho de nenhum lado.
Segues, olhas, gritas,
Corres, buscas, vives,
E guardas apenas o que tem que ser guardado.
Sem comentários:
Enviar um comentário