terça-feira, 12 de julho de 2016

Portugal, os “inhos” e a Alma



Lugar comum desde a noite de 10 de Julho, a grandeza de Portugal e dos Portugueses.
Por isso, a minha reflexão vai não no sentido da pura celebração de um feito de que todos nos orgulhamos, mas  num sentimento mais abrangente  da Alma lusa que nos habita.
Foi com emoção, comoção, um arrepio gélido e uma teimosa lágrima ao canto do olho, que assisti, ainda que à distância, à celebração de uma Nação e de um Povo, materializados na vitória de Portugal no Euro 2016.
Sofremos, gritámos, protestámos, mas não deixámos de Acreditar!
No final de um dia  marcante para o País, onde o atletismo também foi rei,  terminámos e serão com a alma cheia de Portugal!
É impressionante o poder de união e de vontade gerado em torno de um feito que num segundo quebrou preconceitos, resistências, e mostrou ao mundo que se calhar era tempo de mudar o rumo – um simples golo, marcado pelo mais improvável dos 23 convocados. A prova, de que afinal é possível.
Os Portugueses uniram-se, abraçaram-se, cantaram a uma só voz, emocionaram-se em conjunto, e em conjunto pintaram o País a duas cores, felizes, humildes, mas com o sentimento da sua enorme grandeza!
Afinal, quando tudo conspirava em sentido contrário, aqueles rapazes reinventaram-se, e com a garra comum a este nobre povo, tiveram a capacidade de com humildade, inteligência e espírito uno, devolver aos Portugueses alguma da alegria há tempos “roubada”.
Somos Grandes!! Sim, somos Enormes, tão enormes quão enorme é a Alma que nos habita! E não vale a pena quererem fazer de nós os “inhos” de uma Europa caduca de conceitos  e valores. Nós não somos os coitadinhos que habitam aquele país na pontinha da Europa,  muito bonitinho e hospitaleiro, mas onde tudo é “pequenino”... Nós não somos a imagem que quiseram fazer passar de nós, probrezinhos, sem capacidade para enfrentar as dificuldades e agruras de tempos tempestuosos. Nós não somos um bando de vadiozinhos, gastadores e irresponsáveis, sentados à sombra da bananeira à espera que aconteça.  Nós não somos os vaidosinhos tugas, a darem-se ar de gente importante! NÃO!!
Os Portugueses  têm uma enorme capacidade de se reinventar, de acreditar, de fazer, de empreender, de amar, e de em conjunto se unirem num abraço de humildade, que faz vergar os mais arrogantes e intolerantes.  
Sem dúvida que entrámos numa nova era, não só pela força do futebol que tem o poder de agregar crenças e vontades, mas também pelas demais modalidades desportivas que nos aportam tanto orgulho; pela cultura cada vez mais reconhecida além fronteiras, pela voz, pela caneta, pela tela, ou pela mão de tantos talentos que nos levam aos sete cantos do mundo; pelos jovens empresários que amadurecidos numa época de dificuldades, abriram o espírito às alternativas de investimento; pelo crescente número de cientistas e investigadores que diariamente contribuem para descobertas determinantes nas mais diversas áreas; pelo trabalho de milhares de jovens qualificados que, espalhados pelo mundo, desenvolvem o seu trabalho com  dedicação e afinco  reconhecidos;  enfim, pelas oportunidades que tivemos a capacidade de triar, de agarrar, de empreender, e de virando o tampo da mesa, e o já gasto tabuleiro do jogo,  conseguimos recolocar.
E já que os Portugueses são Enormes,  tempo seria também de entrarmos numa nova era em termos de postura política, deontológica, ética e moral, por parte daqueles que governam os nossos destinos, ou que com eles interferem directa ou indirectamente.  Existe uma Alma que sofre, pela incúria, pela arrogância, pela ganância, pela frieza desmedida dos números, e que não merece mais provações socio-económicas, familiares e afectivas.  Esta Alma é a essência de Portugal, é a identidade que queremos ter intra e além-fronteiras. Esta Alma canta, ri, vibra, chora, sofre, trabalha, abraça, beija e ama. Esta Alma quer-se una, envolta num manto de afecto, e onde percorrida por um longo abraço, permita que lhe seja devolvido o beijo, espelhado no chão que tanto ama.

Sem comentários:

Enviar um comentário