domingo, 22 de fevereiro de 2015

Mordaça

 
Vagueias pelas ruas do teu ser,
Em passo lento, cadenciado,
E conversas com a vida,
Num monólogo surdo e sussurrado.
Em redor vês um mundo em caos,
Onde a liberdade está em perigo,
Onde a troco de nada se mata, se destrói,
Se rasgam vidas, se calam cidades.
Onde o poder económico, frio, gelado, desumano,
Te ignora.
És apenas mais uma peça do seu jogo, um número somente.
És tecla da calculadora que tudo soma e tudo tira.
És actor de um palco onde não podes representar.
Habitas um palácio de esperança,  a desmoronar como cartas.
E dás voltas e voltas,
Em círculos delirantes,
Observas os rostos que cruzam o teu caminho,
Cinzentos,  perdidos, cansados.
Olhares vazios, sem cor e sem alento,
A reflectir tanto desencanto…
Corres, e exausto gritas!
Não, não é aqui que pertences!!
Gritas mais e mais alto,
Não, este mundo não é o teu!!
E juras nunca mais calar o sufoco que te engasga,
E fazer caír a mordaça,
Que te agarra, que te prende, que te mata!!                            
 
 


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